Inútil sou
Por seguir das coisas o compasso,
às vezes, quis neste século ativo,
pensar, lutar, viver com o que vivo,
ser no mundo algum parafuso a mais.
Mas, atada ao sonho sedutor,
do meu instinto voltei ao escuro poço,
pois, como algum inseto preguiçoso
e voraz, eu nasci para o amor.
Inútil sou, pesada, torpe, lenta,
meu corpo, ao sol estendido, se alimenta
e só vivo bem no verão,
quando a selva cheira e a enroscada
serpente dorme em terra calcinada;
a fruta se abaixa até minha mão.
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