quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Diário de Bordo - A Cordilheira dos Andes


Viajar até aqui começa a valer a pena antes mesmo de sair do avião. Quando percebemos que o avião estava sobrevoando as cordilheiras resolvemos dar uma olhadinha pela janela como quem não quer nada... e ela estava lá. Como se a terra entediada de sua vida terrena e se esticasse toda para chegar no céu. Ou como se ela tivesse gritado bem alto na esperança de ser ouvida por Alguém. A maior cadeia de monstanhas do mundo rasgando as nuvens. Estava lá Imponente. Gelada. Acima de todos. Acima de tudo. E eu ali. Admirada. Quem sou para estar acima dela?

O homem da bolsa de valores

"Meu trabalho é muito estressante. Ninguém gosta de perder dinheiro. Eu estou "bem". Mas não sou feliz. Eu faço pessoas ricas, ficarem mais ricas. Pra quê? Eu não estou fazendo nada, ao meu ver. Minha mãe é pediatra. Eu vejo quando ela fala de como uma criança fez ela se sentir. Eu quero sentir (...) But it's all about money, money, money..."


Pedaço da conversa  Recife-Guarulhos...
Mais legal que viajar, são essas pessoas
que a gente encontra pelo caminho

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Amar os outros

“Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca [...].”

Clarice Lispector

sábado, 25 de dezembro de 2010

Não pode ser (...)

"O amor é a inveja do outro: ama-se para roubar do outro a parte que lhe falta"
Raimundo Carreiro

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Adiamento



Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã, E assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, o sono da minha vida real, intercalado, o cansaço antecipado e infinito. Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...  Esta espécie de alma...  Só depois de amanhã...

Hoje quero preparar-me, quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte... Ele é que é decisivo. Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos... Amanhã é o dia dos planos. Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo; Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... Tenho vontade de chorar, tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro... Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo. Só depois de amanhã...

Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana. Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância... Depois de amanhã serei outro, a minha vida triunfar-se-á, todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático serão convocadas por um edital... Mas por um edital de amanhã... hoje quero dormir, redigirei amanhã...

Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância? Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã, que depois de amanhã é que está bem o espetáculo... Antes, não... Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser. Só depois de amanhã... Tenho sono como o frio de um cão vadio. Tenho muito sono. Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... Sim, talvez só depois de amanhã...

Fernando Pessoa

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Mistério



Os homens gostam das mulheres misteriosas. Do olhar obliquo de cigana dissimulada. Do não saber. Do "Não". Dos segredos. Do quebra-cabeça. Do enigma. E é tão estranho que eles gostem que a gente se esconda - quando na verdade tudo que a gente quer é poder se revelar. Não precisar ter medo de dizer o que pensa, o que sente, o que quer. Poder se mostrar como é... Ficar completamente nua, e não se envergonhar.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Fly on little wing...


Well she's walking through the clouds
With a circus mind that's running round
Butterflies and zebras
And moonbeams and fairy tales
That's all she ever thinks about
Riding with the wind.

When I'm sad, she comes to me
With a thousand smiles, she gives to me free
It's alright she says it's alright
Take anything you want from me,
Anything.

Fly on little wing,
Yeah yeah, yeah, little wing

Pertencer?


Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou. Tenho certeza de que no berço minha primeira vontade foi de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça. Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.

Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.  A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!


Clarice Lispector

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Raíz


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,

Até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Quien lo probó lo sabe

Desmayarse, atreverse, estar furioso,
Áspero, tierno, liberal, esquivo,
Alentado, mortal, difunto, vivo,
Leal, traidor, cobarde y animoso,

No hallar, fueral del bien, centro y reposo,
Mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,

Enojado, valiente, fugitivo,
Satisfecho, ofendido, receloso.
Huir el rostro al claro desengaño,
Beber veneno por licor suave,
Olvidar el provecho, amar el daño;
Creer que un cielo en un infierno cabe,
Dar la vida y el alma a un desengaño:
Esto es amor. Quien lo probó lo sabe”.


- Félix Lope de Vega Carpio

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Wave Goodbye


Sempre pontual. Sempre tão gentil. Sem  nenhum ressentimento,  o ano se despede. Sorri pra você com saudade, vira as costas e lentamente vai embora - se juntar aos outros anos passados, se esconder na mémoria. Se perder? Deixando pedaços de si espalhados por aí em fotografias. Na cabeceira da sua cama. No quadro de avisos.  Em alguns objetos. Nas mudanças que você sofreu. E se somaram a você. E não importa se foi bom ou ruim,  ele sempre sabe quando chega a hora de partir e deixar você seguir a sua vida. Então ele se despede sim, através dos lugares, das coisas, do cheiro que fica. Da melancolia, da nostalgia que bate quando vira Dezembro. Através do som do natal, da grinalda velha e gigante que sua mãe pendura na porta ano após ano, nas frutas secas e nozes que seu pai compra para acompanhar o vinho. Nos rituais de família. Na falta de rituais. Nos rituais que você sente falta. Na falta que a família faz. Na necessidade que amigos a muito dispersos apresentam de se encontrar outra vez. No sorriso fácil das pessoas durante essa época do ano. Na repentina bondade que desperta nos outros. Nas caixinhas de natal. No calor do verão, no sol, no céu azul e límpido ... de Dezembro. Nas luzes que ascendem e apagam, ascendem e apagam, ascendem e apagam freneticamente. Ou não. Na árvore de natal flutuando no meio do Capibaribe. Nos tetos luminoso das pontes do Recife. Nas estrelas gigantes penduradas ao longo da Av. Agamenon Magalhães.. Nos meninos Jesus e manjedouras espalhadas pelas praças da cidade.

Mas eu sei mesmo que o ano acabou porque ele diz adeus dentro de mim e eu fico triste. Porque é de mim mesma que eu me despeço quando o ano acaba. E é a mim que dou as boas vindas. E a tudo que poderá ser de mim...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pensamentos


Estou atrás do que fica atrás do pensamento
Atrás do pensamento  não há palavras. É-se.

Quanto à música, depois de ser tocada, para onde ela vai?
Música só tem de concreto o instrumento.
Bem atrás do pensamento tenho um fundo musical.

O verdadeiro pensamento parece sem autor
Minha pintura não tem palavras: fica atrás do pensamento
Assim o mais profundo pensamento é um coração batendo.

Clarice Lispector

domingo, 12 de dezembro de 2010

Menina





Hoje é domingo de manhã. Neste domingo de sol e de júpiter estou sozinha em casa. Dobrei-me de repente em dois e para frente como em profunda dor de parto- e vi que a menina em mim morria. Nunca esquecerei esse domingo sangrento. Para cicatrizar levara tempo. E eis-me aqui dura e silenciosa e heróica. Sem menina dentro de mim. Todas as vidas são vidas heróicas.

Clarice Lispector


[olhando pra dentro]
- Não morre nunca por favor, tá?

sábado, 11 de dezembro de 2010

Eu as possuo

- Quinhentos milhões de que ? Estrelas ?
- Isso mesmo. Estrelas.
- E que fazes tu de quinhentos milhões de estrelas ?
- Que faço delas ?
- Sim.
- Nada. Eu as possuo.
- Tu possuis as estrelas ?
- Sim.
- E de que te serve possuir as estrelas ? 
Antoine de Saint-Exupery

 Não basta que apontem o caminho?  Não basta que iluminem o céu? Não basta que realizem desejos?
Queremos que olhem por nós. Queremos que seu brilho seja nosso. Queremos companhia na escuridão. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Previsão do Tempo

Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem (...) 
Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,
Fiquei sem poder chorar, quando caí.

Cecília Meireles


- Céu azul com nuvens espassas no momento.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ainda que tardia?

"A conquista da liberdade é algo que faz tanta poeira que,
por medo da bagunça, preferimos optar pela arrumação"


Drummond

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Boundaries

It's all about lines. The finish line at the end of residency, waiting in line for a chance at the operating table, and then there’s the most important line, the line separating you from the people you work with. It doesn’t help to get too familiar to make friends. You need boundaries, between you and the rest of the world. Other people are far too messy. It’s all about lines. Drawing lines in the sand and praying like hell no one crosses them

At some point you have to make a decision. Boundaries don't keep other people out, they fence you in. Life is messy, that's how we're made. So you can waste your life drawing lines... or you can live your life crossing them. But there are some lines that are way too dangerous to cross. Here's what I know. If you're willing to take a chance... the view from the other side... is spectacular

- Greys Anatomy

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Lullaby


Chora. Deixa essa água quente lavar teu rosto, pode se esconder aqui. Não vou deixar ninguém te ver chorarando. Quando a gente chora, a gente fica nua, eu sei. Deixa eu soprar no teu ouvido e mandar pra longe todas essas idéias ruins? Não pensa em nada. Desliga. Apaga. Descansa e dorme. Se preocupa só em ter um sonho bom. Vai ficar tudo bem amanhã quando você acordar, eu prometo. Eu vou estar aqui. Agora deixa eu soprar? Deixa eu soprar que passa (...) 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Academico nunca mais?





Faltam dois anos. Dois anos e os pacientes serão meus, as hipóteses - as minhas. Minha conduta. Meu carimbo. Minha responsabilidade. Dá uma dor no peito que irradia pra alma... e não nitroprussiato que resolva... A madrugada vai ser longa. Preciso estudar.

domingo, 21 de novembro de 2010

Monalisa

My teacher, Katherine Watson, lived by her own definition, and would not compromise that. Not even for Wellesley. I dedicate this, my last editorial, to an extraordinary woman who lived by example and compelled us all to see the world through new eyes. By the time you read this, she'll be sailing to Europe, where I know she'll find new walls to break down and new ideas to replace them with. I've heard her called a quitter for leaving, an aimless wanderer. But not all who wander are aimless. Especially not those who seek truth beyond tradition; beyond definition; beyond the image

O Sorriso da Monalisa

"E a tenho ouvido ser chamada de errante sem propósito.
Mas nem todo errante é sem propósito.
Especialmente não aqueles que procuram verdade
além da tradição; além da definição, além da aparência"

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Exu

No meio do sertão faltava água mas manava mel. Parecia poesia. Como pode haver em uma terra  tão castigada pela seca e torrada de sol, tanta doçura? Qual a matéria-prima da abelha? Onde ela encontra flor? Como pode ainda,  vir de alguém tão calejado, tão sofrido de vida e tão esquecido do mundo, tanta ternura? De onde o sertanejo retira força? Flor-ça! Uma façanha de abelhas e sertanejos. Mel de Mandacaru.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Laço de Fita


Eu  preciso de um elo. Um laço. Um laço de fita vermelho com algum encatamento. Que transforme a caixa num presente, que acinturare o vestido, que prenda o cabelo. Um laço apenas - para dar sentido. Não precisa apertar. Não precisa ser um  nó. Nada de nós (?)  Apenas um laço bonito de fita...

 com algum encantamento.

Poema Urbano


faltou luz!
escuridão.
um breu.



e de repente,
( eu que nada enxergava)

pude ver







as estrelas





terça-feira, 26 de outubro de 2010

Visita


De tempos em tempos preciso jogar os entulhos fora. Preciso amaçar os papéis. Tirar as fotografias da parede. Me livrar dos objetos que parecem não ter mais o seu lugar. Preciso doar as roupas que não uso mais. Os livros que não leio mais. E aquilo que eu achava que era importante também. Preciso por tudo num saco, fechá-lo e dizer adeus - Au revoir, So long, Na shledanou pra mim. De tempos em tempos me desfaço. Me reciclo. Me refaço melhor (?) Mais leve. Mais calma. Mais Eu. Me lavo. Me limpo. Me livro da poeira que o tempo depositou em mim - e minha alma pode respirar. De tempos em tempos a pressinto e antes que anoiteça, me preparo para recebê-la: Manhã.

sábado, 23 de outubro de 2010

Afogamento



"É uma das grandes ironias da mãe natureza que o homem tenha passado os
primeirosnove meses de sua existência envolto em água, e o resto de sua
existência com medo inerente da submersão”

B. A. Gorden

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Samba da Benção



"Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher "

Vinícius de Moraes

Time of Death


Acabo de chegar do plantão e me sinto uma inútil. Incapaz. Incompetente. Impotente. Uma merda. A morte resolveu brincar lá pelo hospital essa noite. E deixar no chão um rastro sangue. Transfixar o coração com uma bala. E assistir um pai perder seu filho. Vida Loka tatuada na barriga. Acabou a vida. Acabou a loucura. E foi feito tudo que poderia ser feito. E não havia nada que pudesse ser feito. A morte resolveu visitar a mocinha cansada sentada no leito olhando a gente passar. Uma parada. Ambu. Massagem. Ambu. Massagem. Atropina. Adrenalina. Ô de casa? Se foi. Não mora mais ninguém ali - e a morte olhando pro nosso desespero, sorri. Me sinto suja. Preciso de um banho quente para lavar essa morte de mim...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Embarque no Portão Sul



Toda despedida é pra sempre.

Não será mais o mesmo quem vai
Não será mais o mesmo quem fica
O lugar já não será mais o mesmo, nem os tempos que virão.

Até logo é eufemismo (...)
estamos sempre dizendo adeus

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Considerações de um Feriado


Caminhando na praia
encontrei uma estrelinha torrando ao sol.
Sem exitar em socorrê-la, a atirei de volta para o mar.
Só depois me ocorreu:
E se ela tivesse nadado a vida inteira para chegar ali?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Be Lonely


“When I get lonely these days, I think: So BE lonely, Liz. Learn your way around loneliness. Make a map of it. Sit with it, for once in your life. Welcome to the human experience. But never again use another person’s body or emotions as a scratching post for your own unfulfilled yearnings.”


Eat, Pray, Love

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Vou Dormir


" Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos, pela última vez ."

Olga Benário Prestes

Ideologia





"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro...."


Sinto muito Cazuza, lamento por você. Mas eu tenho uma ideologia para viver. Por mais que vendam os nossos sonhos, por mais que partam o nosso coração, por mais que a gente se decepcione, por mais que a vontade de mudar o mundo as vezes concorra com um milhão de outras vontades minhas, por mais que uma vida de luxo e despreocupada com o que acontece ao meu redor pareça mais confortável... eu continuo. Não inabalável, mas sempre me levantando. Não tem sex & drugs life style que seja melhor do que saber quem eu sou. Não quero usar nada ou ninguém para me anestesiar. Eu não quero esquecer, eu não quero fugir. Eu não quero alucinar, alienar. Meus heróis morreram também. Lutando. Acreditando. Revolucionando. E hoje mesmo depois de suas mortes colhemos fruto disso.


Por isso não fico em cima do muro, por isso não anulo meu voto, por isso não voto em branco. O muro não é pra mim. Muita gente não entende porque eu estou votando em Dilma. Não, Dilma não é nenhum herói. Também não acredito que ela seja nenhum bandido. Mas "nunca antes na história desse país" crescemos tanto ou tivemos tanta importância no cenário internacional. Mais importante que isso foi a estúpida diminuição da disparidade social, da desnutrição no Nordeste e a desfavelização. Principalmente no Nordeste. Temos uma Refinaria, temos a transnordestina, temos menos gente morrendo de sede no Sertão com a transposição do rio. Contra esses fatos, não há argumentos (escala de miséria). Teve corrupção? Teve. Me decepcionaram? Aham. Mas colocando tudo na balança, vou dar mais um voto de confiança para o PT. O governo de esquerda no Brasil é algo muito recente... como a direita sempre esteve no poder e nunca fez nada, não é agora que eu espero que ela faça.


Se bem que votar não é a única coisa que pode ser feita pelo Brasil. Na realidade, é muito pouco. Quem é contra a desigualdade social devia se engajar. Fazer parte de alguma ONG, ajudar, mudar. Quem é contra medidas populistas, contra dar o peixe devia ensinar a pescar... mas fazer alguma coisa. Quem é contra a corrupção devia parar de se corromper, de corromper os outros. Parar de dar toco ao guarda, parar de aceitar propina. Devolver o troco errado a mocinha do caixa. Senão, quem vai poder reclamar? Quem quer mudar o Brasil que pare de reclamar (apenas) e tire o traseiro de cima do muro. Tem muito a se fazer além de esperar.



Não sei você. Eu tenho uma pra viver.




ps.: eu adoro cazuza galera, entendo que a música que ele escreveu tinha
a ver com o que ele estava sentido na época, é uma crítica e blá
mas não tenho orbigação de concordar, okay? sem xiitas por aqui :)

Zoinho


Nunca mais eu vi os zoinho do meu amor,
Nunca mais eu vi os zoinho dela brilhar
São dois jarrinho de flor que todo mundo quer cheirar...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ZZzz


. . . We are such stuff
As dreams are made on,
and our little life
Is rounded with a sleep.




William Shakespeare, The Tempest

domingo, 26 de setembro de 2010

Acaso



"Se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. E isso é verdade para os pensamentos dos materialistas e astrônomos, como para todos nós. Mas se os pensamentos deles – isto é, do Materialismo e da Astronomia – são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu."


C.S. Lewis

sábado, 25 de setembro de 2010

Visita


Vamos fazer uma visita esse fim de semana? Vamos visitar uns amigos? Temos certa dificuldade em achar a casinha do endereço. É melhor estacionar seu carro em outro lugar. Não tem vaga por aqui. Na verdade o mucambo não tem número, não tem rua nem CEP. Nossos amigos não tem título, nem RG, nem CPF. À medida que vamos entrando pelas ruelas, criancinhas magrinhas brincam com cães sarnentos junto aos corregos, enquanto adultos desconfiados nos encaram da porta. Chegamos na casa dos nossos amigos.

Batemos na porta e quem vem dar as boas vindas é uma linda e suja menininha de 7 anos e olhos arregalados - TIA, A SENHORA VEIO VER A GENTE? Seu irmaozinho menor, nuinho, nuinho sai correndo pra nos receber calorosamente. Chegamos a casa muito engraçada que só tinha teto, mas não tinha nada. NADA, a não ser dois colchões no chão ( que a menininha agora tentava forrar, extremamente preocupada em deixar tudo arrumado como qualquer boa dona de casa) onde sua mãe estava prostrada: 32 anos. Usuária de crack. Viúva. Faminta. Infeliz. Doente. Desesperada. Tão vazia quanto a sua casa. Inerte. Cansada. Prostituída. Filhas abusadas.


Ela tinha ido ao médico e as crianças também. O abusador foi denunciado e preso. Mas ela continuava deitada ali, doente e vazia. As crianças não tinham o que vestir ou comer. A casa escura e úmida cheirava mal. Sentamos no chão e começamos a falar com aquela mulher. Ela precisa saber que ela não precisa viver assim para sempre. Precisa saber que ela pode se levantar se ela quiser... Porque existe um Deus que a ama. Que é capaz de libertá-la do crack, trazer consolo, alimentar, dar alegria, curar, fazer renascer esperança, preencher o vazio, retirá-la na inercia, restaurar as forças, a dignidade e sua família. E que tinha nos colocado ali, para ajudá-la. Enquanto conversamos com ela, os vizinhos se aproximam, e se sentam também, se escoram na porta. Atentos. O que está acontecendo ali? As crianças começam a cantar como o amor de Deus é "grande tão grande, alto tão alto, fundo profundo é maior que o mundo..." - chorando ela pede socorro para largar o crack e mudar de vida.


É muito fácil perguntar onde está Deus quando eles pedem socorro. Quando nos deparamos com realidades assim... É fácil culpá-Lo pela nossa omissão. Difícil é admitir que estamos de braços cruzados enquanto meninas se prostiuem, crianças são estupradas e adolescentes são assassinados porcausa de uma pedra. Em cada mucambo de cada favela, em cada esquina, a cada noite. Difícil mesmo é a gente oferecer ajuda. E mais difícil ainda deve ser viver assim.

Então, vamos fazer uma visita esse fim de semana?



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Real ?


Just like little girls and boys
Playing with their little toys,
Seems like all they really were doing
Was waiting for love.

Será? Estava ouvindo os velhos besouros e pensando se eles teriam razão. Fiz uma "pesquisa" com meus amigos e a maioria deles não pensa mais assim. Não que nunca tenham pensado um dia... na verdade todos já tiveram um grande amor na vida, mas que era de vidro e se quebrou - os cacos vão se amontoando por aí. Daí, para esconder toda essa fragilidade, as pessoas vestem uma fantasia de super-heróis inabaláveis, inatingiveis, frios, calculistas, egoístas e irresponsáveis com o sentimento dos outros. O que poderá levar a um ciclo vicioso, um feedback sempre positivo e o caos está instalado. Todo mundo pega todo mundo, mas ninguém se importa mesmo com ninguém. Cada um com seus problemas e todo mundo vivendo só. Que triste fim (...)


Algumas mulheres cansadas de relacionamentos frustados em série, resolvem que danem-se os homens. Elas precisam mesmo é de um filho. Um filho para amarem e amá-las. Um filho que viva para sempre em seuas braços, supra as suas carências e não as deixe nunca mais... É duro pensar que esse também tende a ser mais um relacionamento frustrado. E se ele não amar? E se amar? O que provavelmente vai, mas nunca da maneira que você esperava? Nunca outro ser humano vai nos amar da maneira que a gente espera. A gente sempre espera demais. Não jogue numa criança uma responsabilidade, um peso que ela não tem que carregar. O problema é quando a gente fala em amor, seja de qual tipo for, a gente pensa logo na gente. Quando na verdade amor, seja de qual tipo for, é doação. Então, se você é egoísta demais a para se doar por alguém, não faça um filho. Se você é egoísta demais ao ponto de pensar só em você, se cure, se trate. Mude. Ou fique sozinho. Do contrário, vai dar muito trabalho consertar os estragos que você pode fazer por aí....

domingo, 19 de setembro de 2010

Travou

Um milhão de pensamentos
E nenhuma palavra para colocar aqui.
Meu coração travou
Não traduz mas suas batidas em voz

Tum-Dum
Tum-Dum
Tum-Dum

Não significa (tudo) nada (?)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lugar de mulher é na revolução



Já diria Chica da Silva, Anita Garibaldi, Cleópatra, Olga Benário Prestes, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, Rosa Parks, Pagu , Jacqueline Kennedy, Clarice Lispector, Jennifer Figge, Rosa Luxemburgo, Simone de Beauvoir, Diana Spencer, Tarcila Amaral, Joana D'Arc, Ulrike Marie Meinhof, Elizabeth II, Anne Frank, Amelia Earhart...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sobre a Tristeza


“tristeza é quando chove quando está calor demais, quando o corpo dói e os olhos pesam. tristeza é quando se dorme pouco quando a voz sai fraca, quando as palavras cessame o corpo desobedece. tristeza é quando não se acha graça, quando não se sente fome, quando qualquer bobagem nos faz chorar. tristeza é quando pareceque não vai acabar”


Marta Medeiros

sábado, 21 de agosto de 2010

Lifetime





A vida não pode ser medida em anos
Life can't be mensured in years
Algumas almas nunca envelhecem
Some souls never grow old

sábado, 31 de julho de 2010

Balmasque

Masquerade! Paper faces on parade! Masquerade!
Hide your face, so the world will never find you! Masquerade!


A vida em um baile de máscaras. A vida é um baile de máscaras? As máscaras trazem consigo a fantasia que buscamos para nossa vida real. Poder não ser você. Poder ser qualquer outra pessoa, quem você quiser. Estar confortavelmente escondido/protegido atrás de um rosto que não é o seu. Máscaras fascinam. Na verdade elas vêm fascinando o homem desde os primórdios - desde a áfrica até o japão. da grécia às américas. Não importa quão diferentes sejamos, todos gostamos de às vezes esconder nosso rosto. Do Mistério. Mistério presente em Livros, Filmes, Festas. No homem da máscara de ferro, no máscara, no fantasma da ópera, no zorro, no batman, no carnaval de recife? no carnaval de veneza? Dos bandidos às mocinhas. Todos fascinados pelas máscaras. Máscaras para tentar salvar o mundo, Máscaras para tentar roubar os bancos. Máscaras que fazemos em nós. Máscaras que nos tornamos. Por que tanto encantamento?


Vivemos a vida em um baile de máscaras...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Tale of Two Cities


Starry Night Over the Rhone - Vincent van Gogh.

It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to heaven, we were all going direct the other way - in short, the period was so far like the present period, that some of its noisiest authorities insisted on its being received, for good or for evil, in the superlative degree of comparison only.




- Charles Dickens

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Wouldn't it be nice to live together?


Eu queria viver na Pangéia.
I wish I could live on Pangaea

I'm Back

I'm Here. I arrived in Recife on Saturday afternoon, 12 hours after leaving London. When I was taking the subway to leave, I still could not believe that next time I woke up it would not be there. I said goodbye to my friends (or family?). And just like everything else during those 30 days, the "adieu" also was just like a movie, complete with tears and rain (just the violins were missing in the background haha - but they were playing in my head, I think).


All my experiences, everything I learned, I could not write down here as much as I tried. I discovered things about myself that would remain hidden if I had not left home. I also discovered that no matter how far I am, I carry my "home" with me. My parents, my sister, my friends... But from time to time I'll accent things on my mind and "talk" about them here. It's great to be back. I'm happy. But you know what's weird? Before leaving I thought I was from Brazil. And indeed, I am. But now I feel as I belong also to other places in the world. As I could be happy in many other places as well ... As I belong to London, Rome, Prague, Seoul ...


Thanks for making me feel at home.
I miss you guys.
Can not wait to see you again...


Transitional Poem - Mário Quintana
We must leave, We must arrive
We must leave, We must arrive
Oh, how urgent this life is !
... However I really prefered to leave ...
and - until today - when I embark to somewhere
I accommodate myself in some place,
close my eyes and dream: travel, travel
but nowhere to go ... indefinitely ...
like a spaceship lost among the stars


ps.: sorry for my bad writting :P

De volta

Cheguei. Cheguei sábado a tarde, 12 horas depois de ter deixado londres. Quando eu estava pegando o metrô para ir embora, ainda não conseguia acreditar que da próxima vez que eu acordasse não seria ali. Me despedi das minhas amigas ( ou da família?). E como tudo durante esses 30 dias, a despedida também parecia coisa de cinema, com direito a lágrimas e chuva ( faltaram apenas os violinos de fundo haha - mas eles tocavam na minha cabeça).


Todas as minhas experiências, tudo que aprendi, tudo que vivi não conseguiria colocar aqui por mais que eu me esforçasse. Descobri coisas sobre mim que permaneceriam encobertas se eu não tivesse saído de casa. Também descobri que não importa o quão distante eu esteja, eu carrego minha "casa" comigo. Meus pais, minha irmã, meus amigos. Mas de tempos em tempos eu vou acentando as coisas em minha mente e falando sobre elas aqui. É muito bom estar de volta. Estou feliz. Mas sabe o que é estranho? Antes de viajar eu achava que era daqui. E de fato, eu sou. Mas agora sinto como se eu também pertencesse a outros lugares. Como se em tantos outros lugares do mundo eu pudesse construir minha vida ... Londres, Roma, Praga, Seul...

Obrigada por me fazerem sentir em casa.
Sinto falta de vocês, pessoal.
Não vejo a hora de voltar...

Poema Transitório - Mário Quintana
(...) é preciso partir é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar...
Ah, como esta vida é urgente!...
no entantoeu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:viajar, viajar
mas para parte nenhuma...viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

ps.: O blog vai voltar a funcionar normal galera! :)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Home Sweet, Home - Dia 10


Adaptada. Acho que é essa a palavra. Depois de uma semana, depois de ter feitos amigos de todos os lugares do mundo... Depois de fazer nossa amiga tcheca entender o significa "severinar", depois de ensinar nosso amigo edward a dançar forró, depois de explicar a nosso amigo italiano que nem toda brasileira sabe sambar... Depois de levar nossa amiga japonesa pra assistir o jogo do brasil, comer feijoada e balançar nossa bandeira... Acho que posso dizer que me sinto mais em casa. Estou me sentindo super bem, estou muito feliz.


Quando eu tinha os meus 4 anos, chorava litros porque meu cabelo não era escorrido como o da minha mãe. Durante a minha adolescência não sabia o que fazer com os meu cachinhos... mas eu agradeço a Deus por eles hoje. Eu não sou negra, não sou branca, meu cabelo não é ruim, nem bom. Eu sou uma mistura... e por mais que tenha gente do mundo inteiro aqui, parece que eles não se misturam. Isso faz com que eu chame meio que atenção, o que dizem por aqui é que eu sou a "típica mulher brasileira"! Hahaha. As minha colegas passam por européias, mas qualquer pessoa que vem falar comigo pergunta: "where are you from?" Todo mundo sabe que eu não sou daqui. Está escrito no meu rosto. Nunca me senti tão brasileira.


Fiz muitos amigos essa semana. Conheci um inglês que foi trabalhar na África pela UNICEF ajudando a construir escolas e tals. Erika disse que agora ele é meu ídolo! Ele até me ensinou como que faz pra ser chamada nessas campanhas! Fomos na casa de uma família inglesa, fizeram um "barbecue" só pra gente! Fizemos amigos poloneses que falaram da cor da minha pele, e do meu curly hair. Amigas coreanas, milhares! Elas são lindas e gostaram da minha blusa do Brasil. Tenho um amigo turco, conheci um mohammed, tem a Nara da mongólia... Caramba. Eu sempre sonhei com algo assim... como estou amando tudo isso, vou sentir tanta saudade... Quer uma dica? Se você quiser conhecer o mundo inteiro e só poder viajar para um lugar, venha para Londres.



segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dia 3 - Alien


"Alguma coisa acontece no meu coração (...)
É que quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi..."


A gente só está aqui há três dias, mas aconteceu tanta coisa, que parece que passaram semanas. Andamos de ônibus, de metrô, pegamos o metrô errado, nos perdemos, nos encontramos, fomos no Hyde Park, levei carreira de esquilo, fomos em Notting Hill, na Oxford Street, na Portobello Road... Fizemos a feira, compramos lembracinhas, lanchamos, cansamos, subimos e descemos um milhao de escadas.


É tanta coisa para ver que minhas retinas não dão conta. Nem a minha mente. Tudo é lindo aqui, as mulheres parecem barbies, os caras parecem artista e os bebês são todos da johnson! Pelo menos na área que a gente está morando... Quando fomos pra Oxford Street fiquei encantada com a diversidade desse lugar! Ingleses, Chineses, Indianos, Negros, Árabes... E perceba, é diverso mas não é misturado. Chines é CHINES. Indiano é indiano. Não é como aqui no Brasil, três em um. Meu Deus, eu me sinto um Alien. Não existe ninguém parecido comigo, ninguém mestiço como eu , até porque muito dos brasileiros daqui, se confudem com os ingleses.


Mas o pior, foi ir assistir o Jogo do Brasil. Primeiro, era JOGO DO BRASIL e as pessoas continuavam suas vidas normais. COMO ASSIM? Tem que parar TUDO. Segundo, foi bola fora ir num PUB e só depois descobrir que todos estavam torcendo pela Costa do Marfim... Terceio: cadê meu pai narrando o jogo? Cadê a gordinha comentando? Minha mãe rindo? Tão estranho. Pra vocês terem noção, senti falta até do Galvão!


Ah, Depois de dois dias de fast food, finalmente encontramos um restaurante Brasilero em conta: FEIJODA + GUARANA. E na minha sala tem um Argelino, três koreanas, um italiano, um carinha de andorra... e o resto ainda vou descobrir. Meu professor de gramática é um velhinho chato, mas o de conversação é legal. O nome dele é algo tipo "kahal", ele me chama de "Iniline". Hahaha. Ai! Como é estranho ser "diferente" ... mas dizem que London is a roost for every bird. Bem, tomara que sim!

Beijo!

sábado, 19 de junho de 2010

Dia 1 : Contornando a Imensa Curva...


Muita coisa aconteceu ontem. Muitas coisas acontecem sempre apesar da nossa vida e dos nossos planos. Ontem, foi o dia do nosso voo, foi o dia em que Saramago morreu, foi aniverário de Polyana e a alemanha perdeu! (UFA). Apesar de ficar triste pela morte de saramago e passar a viagem inteira desejando feliz aniversario para Poly, meu coração estava mesmo no avião. Contornando uma imensa curva. Não sei de onde até onde.


Tem gente que não gosta de voar de avião. Confesso que quando a gente vai puxando a malinha e subindo a rampa pra entrar na aeronave dá um frio na barriga! Quando ele tá decolando também... quando tá aterrisando, quando tá lá em cima... mas enfim. É o máximo. Passei praticamente 10 horas voando pra chegar! O "trânsito" aereo estava congestionado e precisamos ficar fazendo hora no céu antes de "estacionar" Hahaha. Mas a viagem foi muito divertida. A ansiedade era tanta que engoli o chocolate quente de vez na salinha do embarque e queimei minha lingua ( até agora sinto as papilas ardendo! hahaha) . Quando sentamos , fiquei 30 min catucando o controle remoto para descobrir como ligar a TV. Assisti três filmes, ouvi todas as estações do radio, vi desenho animado, comi... mas a parte mais emocionante, foi lá pra 23:00 quando sobrevoamos a AFRICA! Eu passei por cima de Cabo Verde, Casablanca! E lá estava ela, linda lá embaixo, brilhando pra mim. Eu puxei a cordinha e gritei: PARADA DESCE! Mas parece que ninguém me ouviu. Eu nunca imaginei que a primeira vez que eu visse seria assim, de passagem. Brilhando no escuro...

Quando a gente passa 10 horas voando e ESQUECE de levar um livro, a gente passa muito tempo pensando. E eu estava tão feliz que até nos meus piores pensamentos: E se o avião cair/ e se cair na costa africana com tubaroes/ e se morressemos todos - eu ainda estava no lucro. Indo prum lugar ainda melhor que Londres...


Quando eu vi recife pequeniniha lá embaixo, deu aperto no peito e saudade
Quando eu vi a áfrica pequenininha lá embaixo deu aperto no peito e vontade
Quando vi a inglaterra lá embaixo... parecia que a paisagem tinha saído de algum livro que eu li, de algum filme que eu vi... e que agora estava vivendo. Saramago disse que a gente sempre chega onde esperam por nós... Na verdade eu nem sei o que espera por nós aqui. Mas o pouco que eu sei é suficiente pra mim agora: Graças graças a Deus, CHEGAMOS.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Despedida?

Caducos do meu coração, sexta agora vou estar viajando! Vou passar um mês fora. Não sei se vou ter tempo pra postar músicas, videoclips, textinhos legais e afins. Não sei se vou ter tempo pra filosofar aqui. Acho que durante esse período se eu aparecer, provavelmente O Mundo Caduco vai se tornar um diário de bordo, com fotos, vídeos e impressões da viagem. Espero que vocês não se importem. Final de julho volta tudo ao normal.

Beijo!



sábado, 12 de junho de 2010

A Receita do Bolo

Quando você chegar, não venha correndo. Não bata a porta. Não jogue a chave em cima da mesa. Não seja bruto. Não tenha pressa. Seja sutil, por favor - que eu sou muito assustada. Venha de mansinho, tire os sapatos, chegue na ponta dos pés. Não ascenda a luz. Não me acorde. Não me deixe perceber que você está aqui. Não seja descarado. Lembre sempre que eu sou subjetiva demais... Me deixe desconfiando da sua existência e as vezes finja não se importar. Eu preciso não saber. Eu preciso duvidar. A verdade é que sou covarde, e evito tudo aquilo que desconheço. Preciso de tempo para me acostumar. Não seja precipitado, não me faça fugir. Também não demore tanto, como se tivessemos todo tempo do mundo. Quando eu estiver virando as costas para ir embora, apareça. Me impeça. Me deixe descobrir como eu quero você. Não faça as malas. Não venha se estiver só de passagem. Nunca durma chateado comigo. Me inclua nos seus planos. Faça planos comigo. Não me deixe em segundo plano. E tenha a certeza de que vou querer fazer de tudo para te agradar, quando você chegar, meu amor.

 

And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again

terça-feira, 8 de junho de 2010

Coldplay's Prayer



Oh God I can't, I can't get through
I've been trying hard to reach You
Cos I don't know what to do
Oh God I can't believe it's true
I'm so scared about the future and
I want to talk to You, oh I want to talk to You

You can take a picture of something You see
In the future where will I be?
You can climb a ladder up to the sun
Or write a song nobody has sung, or do
Something that's never been done?



Eu vivo tão ansiosa com relação ao futuro,
enquanto devia deitar tranquila e deixar Você
me fazer mais uma das suas lindas surpresas
Porque Você é um Deus bom e surpreendente.
E é sempre muito bom poder falar com Você...

sábado, 5 de junho de 2010

Um Sopro de Vida


"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa?"


- Clarice Lispector

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ao Cadáver Desconhecido



Há quem diga que os médicos tornam-se pessoas frias, calculistas, acostumadas com o sofrimento e com a morte. Como se médico não se envolvesse, não chorasse. Como se médico estivesse acima dos reles sentimentos humanos, distante, nas alturas se auto-intitulando semideus. Como se a doença e a morte nunca batessem na sua porta... Eu sei que parte desse conceito é culpa deles, mas fiquem sabendo que é tudo uma grande mentira.


O que acontece é que temos a morte como nossa professora. Ela se faz bem presente desde o início da nossa formação. Durante as aulas de anatomia, nos amontoamos todos ao redor de um cadáver, identificamos estruturas e realizamos procedimentos: Dissecamos, suturamos, intubamos, puncionamos... carregamos o seu coração com as nossas mãos. E depois disso ainda o chamamos de desconhecido! Tsc Tsc Tsc. Engraçado que no começo da faculdade, estamos mais acostumado com o cadáver do que com a vida. O paciente "de verdade" a princípio nos assusta. E chega até a ser irônico que a própria morte nos ensine a salvar vidas. A morte nossa inimiga, a morte nossa professora. Nunca vou entendê-la.

Depois de 2 anos, nos econtrando semanalmente com ela num laboratório de anatomia, finalmente vamos para o hospital. E mais cedo ou mais tarde, infelizmente acabamos descobrindo que ela também está lá. E que ela não acomete só "indigentes"... mas pode levar uma senhorinha que lembrava a sua avó, um bebê ( que você queria ter...), um jovem adulto. Você. Eu. Somos todos suceptiveis. Estamos todos vulneraveis. E é muito mais difícil encarar a morte desse jeito... por isso alguns médicos fingem que a vida é uma grande laboratório de anatomia, branco e gelado - e que as pessoas são todos grandes 'desconhecidos'. Não é todo mundo que tem estômago para ter tantos encontros com ela e ainda assim continuar cheio de vida. Não estou justificando, estou explicando. Nada justifica. Na verdade, todo mundo sabe que medicina é desgastante. E como já dizia o filósofo "se não guenta pra que veio"? Mas pra quem prefre tratar as pessoas como peças anatômicas ... o IML tá pagando bem... bom ficar por lá.


'Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido,
lembra-te de que este corpo nasceu do amor de duas almas
cresceu embalado pela fé e esperança daquele que, em seu seio,
o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens, por certo
amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que aprtiram, acalentou um amanhã feliz
e agora jaz na fria lousa, sem que, por ele, se tivesse derramado uma lágrima sequer,
sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe, mas o destino
inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade que
por ele passou indiferente'

Karl Rokitansky

* paciente faleceu hoje no plantão...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Gare de Astapovo




O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!

E entao a Morte,
Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

Mario Quintana

Felicidade


Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem. Tenho coragem mas com um pouco de medo. Pessoa feliz é quem aceitou a morte. Quando estou feliz demais, sinto uma angústia amordaçante: assusto-me. Sou tão medrosa. Tenho medo de estar viva porque quem tem vida um dia morre. E o mundo me violenta.

- Clarice Lispector




Porque convém que isto que é corruptível
se revista da incorruptibilidade,
E que isto que é mortal se revista da imortalidade.
Onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?



Clarice, felicidade é presente de quem venceu a morte pra quem não precisa mais temê-la :)

domingo, 30 de maio de 2010

O Tapeceiro

As vezes a vida fica confusa né? Um emaranhado de fios, como se tivessem espalhado novelos de lã para entreter um bando de gatos. A gente não sabe onde começa, onde termina. A gente não sabe como fazer para desatar os nós... Mas calma, que eu tenho uma boa notícia. Um Tapeceiro está tecendo você. Sua vida pode até ser um mói de fios, mas é um mói de fios que faz SENTIDO. Mesmo que você não enxergue, mesmo que você não entenda... 'O Tapeceiro sabe o que está fazendo". Ele sabe que cores usar, o tipo de nó que vai dar, a textura, o quadro que quer... tudo. Ele sabe o que fazer de você. Então tudo que nos resta é confiar... e descansar.

sábado, 29 de maio de 2010

Pensamento Mágico


Durante a adolescência a gente desenvolve o que chamamos de "pensamento mágico". A idéia que somos inabaláveis, intocáveis, indestrutíveis. Vivemos num mundo surreal, onde nada de ruim pode acontecer conosco. Por isso tantos adolescentes engravidam, são abusados, se viciam, morrem em acidentes de trânsito, morrem porcausa do tráfico... Quando essa fase passa, a gente parece adquirir uma visão bem mais nítida da nossa vunerabilidade , mas mesmo assim somos sempre pegos de surpresa todos os dias. Essa semana estava questionando algumas coisas quando veio em minha mente a fatídica pergunta: "você realmente achava que ia passar intacta pela vida?"


Caramba. Eu nasci numa família bem estruturada, estudei em bons colégios, tenho a oportunidade de fazer o curso que eu escolhi. Meus pais são ótimos, minha irmã é uma figura, meus amigos se importam comigo... Tenho muito mais do que mereço. Num mundo onde tanta gente vive miseravelmente, a "vida" foi muito boa comigo. Deus é. Mas o fato dEle ser bom, não impede que coisas "ruins" aconteçam... Não significa que eu vá passar "intacta" pela vida, sem nenhum arranhão sequer. Que eu não vá adoecer, perder, morrer. Não significa que eu não vá cair, que eu não vá sangrar. Significa que Ele vai estar sempre aqui, para estancar, para cuidar, levantar, reviver


Eu só tenho 22 anos. Tenho ainda muitos anos para muitas coisas acontecerem ( ou não! RÁ) Mas seja lá como for, é muito bom saber que eu não estou sozinha. Que eu tenho uma fonte de onde posso beber força. Que eu tenho um colo para descansar. Que me deram um julgo suave, e um fardo leve para carregar...