Vamos fazer uma visita esse fim de semana? Vamos visitar uns amigos? Temos certa dificuldade em achar a casinha do endereço. É melhor estacionar seu carro em outro lugar. Não tem vaga por aqui. Na verdade o mucambo não tem número, não tem rua nem CEP. Nossos amigos não tem título, nem RG, nem CPF. À medida que vamos entrando pelas ruelas, criancinhas magrinhas brincam com cães sarnentos junto aos corregos, enquanto adultos desconfiados nos encaram da porta. Chegamos na casa dos nossos amigos.
Batemos na porta e quem vem dar as boas vindas é uma linda e suja menininha de 7 anos e olhos arregalados - TIA, A SENHORA VEIO VER A GENTE? Seu irmaozinho menor, nuinho, nuinho sai correndo pra nos receber calorosamente. Chegamos a casa muito engraçada que só tinha teto, mas não tinha nada. NADA, a não ser dois colchões no chão ( que a menininha agora tentava forrar, extremamente preocupada em deixar tudo arrumado como qualquer boa dona de casa) onde sua mãe estava prostrada: 32 anos. Usuária de crack. Viúva. Faminta. Infeliz. Doente. Desesperada. Tão vazia quanto a sua casa. Inerte. Cansada. Prostituída. Filhas abusadas.
Batemos na porta e quem vem dar as boas vindas é uma linda e suja menininha de 7 anos e olhos arregalados - TIA, A SENHORA VEIO VER A GENTE? Seu irmaozinho menor, nuinho, nuinho sai correndo pra nos receber calorosamente. Chegamos a casa muito engraçada que só tinha teto, mas não tinha nada. NADA, a não ser dois colchões no chão ( que a menininha agora tentava forrar, extremamente preocupada em deixar tudo arrumado como qualquer boa dona de casa) onde sua mãe estava prostrada: 32 anos. Usuária de crack. Viúva. Faminta. Infeliz. Doente. Desesperada. Tão vazia quanto a sua casa. Inerte. Cansada. Prostituída. Filhas abusadas.
Ela tinha ido ao médico e as crianças também. O abusador foi denunciado e preso. Mas ela continuava deitada ali, doente e vazia. As crianças não tinham o que vestir ou comer. A casa escura e úmida cheirava mal. Sentamos no chão e começamos a falar com aquela mulher. Ela precisa saber que ela não precisa viver assim para sempre. Precisa saber que ela pode se levantar se ela quiser... Porque existe um Deus que a ama. Que é capaz de libertá-la do crack, trazer consolo, alimentar, dar alegria, curar, fazer renascer esperança, preencher o vazio, retirá-la na inercia, restaurar as forças, a dignidade e sua família. E que tinha nos colocado ali, para ajudá-la. Enquanto conversamos com ela, os vizinhos se aproximam, e se sentam também, se escoram na porta. Atentos. O que está acontecendo ali? As crianças começam a cantar como o amor de Deus é "grande tão grande, alto tão alto, fundo profundo é maior que o mundo..." - chorando ela pede socorro para largar o crack e mudar de vida.
É muito fácil perguntar onde está Deus quando eles pedem socorro. Quando nos deparamos com realidades assim... É fácil culpá-Lo pela nossa omissão. Difícil é admitir que estamos de braços cruzados enquanto meninas se prostiuem, crianças são estupradas e adolescentes são assassinados porcausa de uma pedra. Em cada mucambo de cada favela, em cada esquina, a cada noite. Difícil mesmo é a gente oferecer ajuda. E mais difícil ainda deve ser viver assim.
Então, vamos fazer uma visita esse fim de semana?
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