De tempos em tempos preciso jogar os entulhos fora. Preciso amaçar os papéis. Tirar as fotografias da parede. Me livrar dos objetos que parecem não ter mais o seu lugar. Preciso doar as roupas que não uso mais. Os livros que não leio mais. E aquilo que eu achava que era importante também. Preciso por tudo num saco, fechá-lo e dizer adeus - Au revoir, So long, Na shledanou pra mim. De tempos em tempos me desfaço. Me reciclo. Me refaço melhor (?) Mais leve. Mais calma. Mais Eu. Me lavo. Me limpo. Me livro da poeira que o tempo depositou em mim - e minha alma pode respirar. De tempos em tempos a pressinto e antes que anoiteça, me preparo para recebê-la: Manhã.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
Afogamento
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Samba da Benção
"Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher "Vinícius de Moraes
Time of Death
Acabo de chegar do plantão e me sinto uma inútil. Incapaz. Incompetente. Impotente. Uma merda. A morte resolveu brincar lá pelo hospital essa noite. E deixar no chão um rastro sangue. Transfixar o coração com uma bala. E assistir um pai perder seu filho. Vida Loka tatuada na barriga. Acabou a vida. Acabou a loucura. E foi feito tudo que poderia ser feito. E não havia nada que pudesse ser feito. A morte resolveu visitar a mocinha cansada sentada no leito olhando a gente passar. Uma parada. Ambu. Massagem. Ambu. Massagem. Atropina. Adrenalina. Ô de casa? Se foi. Não mora mais ninguém ali - e a morte olhando pro nosso desespero, sorri. Me sinto suja. Preciso de um banho quente para lavar essa morte de mim...
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Embarque no Portão Sul
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Considerações de um Feriado
encontrei uma estrelinha torrando ao sol.
Sem exitar em socorrê-la, a atirei de volta para o mar.
Só depois me ocorreu:
E se ela tivesse nadado a vida inteira para chegar ali?
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Be Lonely
“When I get lonely these days, I think: So BE lonely, Liz. Learn your way around loneliness. Make a map of it. Sit with it, for once in your life. Welcome to the human experience. But never again use another person’s body or emotions as a scratching post for your own unfulfilled yearnings.”
Eat, Pray, Love
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Vou Dormir
" Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos, pela última vez ."
Olga Benário Prestes
Olga Benário Prestes
Ideologia
"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro...."
Sinto muito Cazuza, lamento por você. Mas eu tenho uma ideologia para viver. Por mais que vendam os nossos sonhos, por mais que partam o nosso coração, por mais que a gente se decepcione, por mais que a vontade de mudar o mundo as vezes concorra com um milhão de outras vontades minhas, por mais que uma vida de luxo e despreocupada com o que acontece ao meu redor pareça mais confortável... eu continuo. Não inabalável, mas sempre me levantando. Não tem sex & drugs life style que seja melhor do que saber quem eu sou. Não quero usar nada ou ninguém para me anestesiar. Eu não quero esquecer, eu não quero fugir. Eu não quero alucinar, alienar. Meus heróis morreram também. Lutando. Acreditando. Revolucionando. E hoje mesmo depois de suas mortes colhemos fruto disso.
Por isso não fico em cima do muro, por isso não anulo meu voto, por isso não voto em branco. O muro não é pra mim. Muita gente não entende porque eu estou votando em Dilma. Não, Dilma não é nenhum herói. Também não acredito que ela seja nenhum bandido. Mas "nunca antes na história desse país" crescemos tanto ou tivemos tanta importância no cenário internacional. Mais importante que isso foi a estúpida diminuição da disparidade social, da desnutrição no Nordeste e a desfavelização. Principalmente no Nordeste. Temos uma Refinaria, temos a transnordestina, temos menos gente morrendo de sede no Sertão com a transposição do rio. Contra esses fatos, não há argumentos (escala de miséria). Teve corrupção? Teve. Me decepcionaram? Aham. Mas colocando tudo na balança, vou dar mais um voto de confiança para o PT. O governo de esquerda no Brasil é algo muito recente... como a direita sempre esteve no poder e nunca fez nada, não é agora que eu espero que ela faça.
Se bem que votar não é a única coisa que pode ser feita pelo Brasil. Na realidade, é muito pouco. Quem é contra a desigualdade social devia se engajar. Fazer parte de alguma ONG, ajudar, mudar. Quem é contra medidas populistas, contra dar o peixe devia ensinar a pescar... mas fazer alguma coisa. Quem é contra a corrupção devia parar de se corromper, de corromper os outros. Parar de dar toco ao guarda, parar de aceitar propina. Devolver o troco errado a mocinha do caixa. Senão, quem vai poder reclamar? Quem quer mudar o Brasil que pare de reclamar (apenas) e tire o traseiro de cima do muro. Tem muito a se fazer além de esperar.
Não sei você. Eu tenho uma pra viver.
ps.: eu adoro cazuza galera, entendo que a música que ele escreveu tinha
a ver com o que ele estava sentido na época, é uma crítica e blá
mas não tenho orbigação de concordar, okay? sem xiitas por aqui :)
Zoinho
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