terça-feira, 5 de outubro de 2010

Ideologia





"Pois aquele garoto
Que ia mudar o mundo
Agora assiste a tudo
Em cima do muro...."


Sinto muito Cazuza, lamento por você. Mas eu tenho uma ideologia para viver. Por mais que vendam os nossos sonhos, por mais que partam o nosso coração, por mais que a gente se decepcione, por mais que a vontade de mudar o mundo as vezes concorra com um milhão de outras vontades minhas, por mais que uma vida de luxo e despreocupada com o que acontece ao meu redor pareça mais confortável... eu continuo. Não inabalável, mas sempre me levantando. Não tem sex & drugs life style que seja melhor do que saber quem eu sou. Não quero usar nada ou ninguém para me anestesiar. Eu não quero esquecer, eu não quero fugir. Eu não quero alucinar, alienar. Meus heróis morreram também. Lutando. Acreditando. Revolucionando. E hoje mesmo depois de suas mortes colhemos fruto disso.


Por isso não fico em cima do muro, por isso não anulo meu voto, por isso não voto em branco. O muro não é pra mim. Muita gente não entende porque eu estou votando em Dilma. Não, Dilma não é nenhum herói. Também não acredito que ela seja nenhum bandido. Mas "nunca antes na história desse país" crescemos tanto ou tivemos tanta importância no cenário internacional. Mais importante que isso foi a estúpida diminuição da disparidade social, da desnutrição no Nordeste e a desfavelização. Principalmente no Nordeste. Temos uma Refinaria, temos a transnordestina, temos menos gente morrendo de sede no Sertão com a transposição do rio. Contra esses fatos, não há argumentos (escala de miséria). Teve corrupção? Teve. Me decepcionaram? Aham. Mas colocando tudo na balança, vou dar mais um voto de confiança para o PT. O governo de esquerda no Brasil é algo muito recente... como a direita sempre esteve no poder e nunca fez nada, não é agora que eu espero que ela faça.


Se bem que votar não é a única coisa que pode ser feita pelo Brasil. Na realidade, é muito pouco. Quem é contra a desigualdade social devia se engajar. Fazer parte de alguma ONG, ajudar, mudar. Quem é contra medidas populistas, contra dar o peixe devia ensinar a pescar... mas fazer alguma coisa. Quem é contra a corrupção devia parar de se corromper, de corromper os outros. Parar de dar toco ao guarda, parar de aceitar propina. Devolver o troco errado a mocinha do caixa. Senão, quem vai poder reclamar? Quem quer mudar o Brasil que pare de reclamar (apenas) e tire o traseiro de cima do muro. Tem muito a se fazer além de esperar.



Não sei você. Eu tenho uma pra viver.




ps.: eu adoro cazuza galera, entendo que a música que ele escreveu tinha
a ver com o que ele estava sentido na época, é uma crítica e blá
mas não tenho orbigação de concordar, okay? sem xiitas por aqui :)

Zoinho


Nunca mais eu vi os zoinho do meu amor,
Nunca mais eu vi os zoinho dela brilhar
São dois jarrinho de flor que todo mundo quer cheirar...

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ZZzz


. . . We are such stuff
As dreams are made on,
and our little life
Is rounded with a sleep.




William Shakespeare, The Tempest

domingo, 26 de setembro de 2010

Acaso



"Se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. E isso é verdade para os pensamentos dos materialistas e astrônomos, como para todos nós. Mas se os pensamentos deles – isto é, do Materialismo e da Astronomia – são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu."


C.S. Lewis

sábado, 25 de setembro de 2010

Visita


Vamos fazer uma visita esse fim de semana? Vamos visitar uns amigos? Temos certa dificuldade em achar a casinha do endereço. É melhor estacionar seu carro em outro lugar. Não tem vaga por aqui. Na verdade o mucambo não tem número, não tem rua nem CEP. Nossos amigos não tem título, nem RG, nem CPF. À medida que vamos entrando pelas ruelas, criancinhas magrinhas brincam com cães sarnentos junto aos corregos, enquanto adultos desconfiados nos encaram da porta. Chegamos na casa dos nossos amigos.

Batemos na porta e quem vem dar as boas vindas é uma linda e suja menininha de 7 anos e olhos arregalados - TIA, A SENHORA VEIO VER A GENTE? Seu irmaozinho menor, nuinho, nuinho sai correndo pra nos receber calorosamente. Chegamos a casa muito engraçada que só tinha teto, mas não tinha nada. NADA, a não ser dois colchões no chão ( que a menininha agora tentava forrar, extremamente preocupada em deixar tudo arrumado como qualquer boa dona de casa) onde sua mãe estava prostrada: 32 anos. Usuária de crack. Viúva. Faminta. Infeliz. Doente. Desesperada. Tão vazia quanto a sua casa. Inerte. Cansada. Prostituída. Filhas abusadas.


Ela tinha ido ao médico e as crianças também. O abusador foi denunciado e preso. Mas ela continuava deitada ali, doente e vazia. As crianças não tinham o que vestir ou comer. A casa escura e úmida cheirava mal. Sentamos no chão e começamos a falar com aquela mulher. Ela precisa saber que ela não precisa viver assim para sempre. Precisa saber que ela pode se levantar se ela quiser... Porque existe um Deus que a ama. Que é capaz de libertá-la do crack, trazer consolo, alimentar, dar alegria, curar, fazer renascer esperança, preencher o vazio, retirá-la na inercia, restaurar as forças, a dignidade e sua família. E que tinha nos colocado ali, para ajudá-la. Enquanto conversamos com ela, os vizinhos se aproximam, e se sentam também, se escoram na porta. Atentos. O que está acontecendo ali? As crianças começam a cantar como o amor de Deus é "grande tão grande, alto tão alto, fundo profundo é maior que o mundo..." - chorando ela pede socorro para largar o crack e mudar de vida.


É muito fácil perguntar onde está Deus quando eles pedem socorro. Quando nos deparamos com realidades assim... É fácil culpá-Lo pela nossa omissão. Difícil é admitir que estamos de braços cruzados enquanto meninas se prostiuem, crianças são estupradas e adolescentes são assassinados porcausa de uma pedra. Em cada mucambo de cada favela, em cada esquina, a cada noite. Difícil mesmo é a gente oferecer ajuda. E mais difícil ainda deve ser viver assim.

Então, vamos fazer uma visita esse fim de semana?



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Real ?


Just like little girls and boys
Playing with their little toys,
Seems like all they really were doing
Was waiting for love.

Será? Estava ouvindo os velhos besouros e pensando se eles teriam razão. Fiz uma "pesquisa" com meus amigos e a maioria deles não pensa mais assim. Não que nunca tenham pensado um dia... na verdade todos já tiveram um grande amor na vida, mas que era de vidro e se quebrou - os cacos vão se amontoando por aí. Daí, para esconder toda essa fragilidade, as pessoas vestem uma fantasia de super-heróis inabaláveis, inatingiveis, frios, calculistas, egoístas e irresponsáveis com o sentimento dos outros. O que poderá levar a um ciclo vicioso, um feedback sempre positivo e o caos está instalado. Todo mundo pega todo mundo, mas ninguém se importa mesmo com ninguém. Cada um com seus problemas e todo mundo vivendo só. Que triste fim (...)


Algumas mulheres cansadas de relacionamentos frustados em série, resolvem que danem-se os homens. Elas precisam mesmo é de um filho. Um filho para amarem e amá-las. Um filho que viva para sempre em seuas braços, supra as suas carências e não as deixe nunca mais... É duro pensar que esse também tende a ser mais um relacionamento frustrado. E se ele não amar? E se amar? O que provavelmente vai, mas nunca da maneira que você esperava? Nunca outro ser humano vai nos amar da maneira que a gente espera. A gente sempre espera demais. Não jogue numa criança uma responsabilidade, um peso que ela não tem que carregar. O problema é quando a gente fala em amor, seja de qual tipo for, a gente pensa logo na gente. Quando na verdade amor, seja de qual tipo for, é doação. Então, se você é egoísta demais a para se doar por alguém, não faça um filho. Se você é egoísta demais ao ponto de pensar só em você, se cure, se trate. Mude. Ou fique sozinho. Do contrário, vai dar muito trabalho consertar os estragos que você pode fazer por aí....

domingo, 19 de setembro de 2010

Travou

Um milhão de pensamentos
E nenhuma palavra para colocar aqui.
Meu coração travou
Não traduz mas suas batidas em voz

Tum-Dum
Tum-Dum
Tum-Dum

Não significa (tudo) nada (?)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Lugar de mulher é na revolução



Já diria Chica da Silva, Anita Garibaldi, Cleópatra, Olga Benário Prestes, Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, Rosa Parks, Pagu , Jacqueline Kennedy, Clarice Lispector, Jennifer Figge, Rosa Luxemburgo, Simone de Beauvoir, Diana Spencer, Tarcila Amaral, Joana D'Arc, Ulrike Marie Meinhof, Elizabeth II, Anne Frank, Amelia Earhart...

terça-feira, 7 de setembro de 2010