quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Contratransferência


Ele era de poucos sorrisos. Na verdade tinha sempre no rosto uma expressão bastante séria. Tinha dois olhos negros hipnotizantes. Um olhar angustiado e profundo, tão profundo, que me intrigava e me fazia querer advinhá-lo. Ele me cativava. Queria sempre saber como ele estava, o que lhe havia acontecido. Ouvir seu coração. As vezes até acordá-lo. Sempre abusado. Sempre cansado. Cansado de quê? De tanta coisa. Cansado da vida talvez. E ele não tinha nome. Nem ninguém - Mentira, ele tinha a mim - Na verdade até tinhamos muito em comum, eu acho. Ele não tinha mãe. E eu? Eu não tinha um bebê (...) 

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