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terça-feira, 17 de abril de 2012
O Médico e o Monstro?
Acontece alguma coisa muito delicada quando um médico se torna empresário da saúde. Às vezes as coisas parecem confusas, e é preciso tomar cuidado para que o empresário não destrua o médico, só isso. Para que o capital não destrua a arte.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Terminal
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia."
Mário Quintana
Estamos todos partindo. Mas não costumamos nos preparar para isso. Nem para a nossa partida, nem para a partida de quem amamos. Vivemos evitando a morte a todo custo, ela é banida até dos nossos pensamentos. Mas como seria dormir e acordar num lugar onde o anjo da morte passasse todas as noites? Você conseguiria dormir um sono tranquilo se tivesse a certeza de que existe fortes chances de alguém ali não acordar? E há a probabilidade desse alguém ser você? Nem os meus pacientes.
É muito difícil trabalhar com doentes em fase terminal. É muito dificil vê-los indo embora, deixando para trás um leito vazio. Um coração vazio - cheio de saudade. É muito difícil dar a notícia, por mais clara - por mais óbvia que seja ( ou pareça ser). É muito difícil entender de que não se trata de 'ganhar' ou 'peder', mas é sobre 'como as coisas são'. A vida é assim, um dia ela acaba. E o que podemos fazer é procurar viver da melhor maneira possível. O que podemos fazer é amenizar o sofrimento o máximo possível. Com o tempo descobrimos que as nossas palavras, nossa maneira de olhar, nosso abraço - tem um poder analgésico muito mais potente que qualquer opióide. Fármaco nenhum pode penetrar a alma...
"Se puderes curar, cura;
Se não puderes curar, alivia;
Se não puderes aliviar , consola..."
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Maternidade
Uma coisa que eu tenho aprendido nesse ano de pediatria e g&o é que é preciso muita raça pra ser mãe. Raça pra gestar. Raça pra parir. Raça pra cuidar. Raça pra dedicar sua vida. Mudar completamente de vida. Raça para passar noites em claro. Raça para lutar pela vida do seu filho. Raça, algumas vezes, para se despedir dele. Ser mãe deve ser algo indescritível. Coisa que só mãe sabe o que é ser. Mas é tudo menos fácil. Deve existir algo de sobrenatural na maternidade... a mulher deve receber do alto alguns superpoderes sem os quais seria impossível cumprir sua tarefa. Mas e quando raça é tudo que se tem? Quando não se tem instrução, nem feijão, nem berço, nem luz, nem casa, nem saúde, nem pai, nem nada? (...)
Ah Deus, derrama Tua Graça...
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Menino-do-sorriso-doce [2]
Hoje encontrei o menino-do-sorriso-doce outras vez.
Está tomando a medicação, e me deu um abraço!
A vózinha dele está melhor da queimadura.
Se Deus quiser, ele não tem TB.
Ps.: Para entender esse post melhor, leia o anterior Sorriso Doce :)
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Abortamento
Era uma vez uma flor amarela.
Mas ela nem conseguiu vencer nem o tédio, nem a náusea, nem o crack.
- Minha florzinha não teve a sorte da de Drummond.
- Minha florzinha não teve a sorte da de Drummond.
sábado, 30 de julho de 2011
Amor, Conhecimento e Compaixão
Três paixões, simples, mas irresistivelmente fortes, tem governado a minha vida: a ânsia de amar, a busca do conhecimento e uma insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade. Essas paixões, como fortes ventos, têm me impelido de um lado para o outro, num caminho caprichoso, por sobre um profundo oceano de angústias, que chega à beira do desespero.
Procurei o amor, primeiro, porque ele trás êxtase êxtase tão imenso que eu ofereceria todo o resto da minha vida em troca de umas poucas horas desse prazer. Eu o procurei, também, porque ele ameniza a solidão aquela terrível solidão na qual uma consciência em pedaços se paralisa nas franjas do mundo num insondável abismo frio e sem vida. Eu o busquei, finalmente, porque na união do amor eu vislumbrei, em mística miniatura, a suposta visão do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isto foi o que procurei, e embora possa parecer demasiado bom para a vida humana, foi o que finalmente eu encontrei.
Com a mesma intensidade busquei o conhecimento. Desejei entender os corações dos homens. Eu quis saber por que as estrelas brilham. E tentei apreender o poder pitagórico que faz com que um número flutue por sobre o fluxo. Um pouco disso, não muito, eu consegui. Amor e conhecimento, tanto quanto foi possível, elevaram-me em direção ao paraíso.
Mas a compaixão sempre me trouxe de volta à Terra. Ecos de gritos e de dor reverberam no meu coração. Crianças famintas, vítimas torturadas por opressores, velhos desassistidos como um odioso fardo para seus filhos, e o mundo inteiro de solidão, miséria e sofrimento, fazem um arremedo do que a vida humana deveria ser. Eu desejo minorar o mal, mas não posso, e sofro também. Esta tem sido a minha vida. Eu a entendo como uma vida digna, e prazerosamente a viveria outra vez se uma oportunidade me fosse dada
Bertrand Russell
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Vai menino, fazer pediatria.
Queria agradecer com esse poeminha aos pediatras - formados e em formação - pelo rodizio APAIXONANTE e pelas experiencias inesqueciveis que tivemos nesses curtos 6 meses. Nos divertimos muito, trabalhamos muito, nos apegamos muito. Amamos, sorrimos e choramos. Nos apresentamos e dissemos adeus. Ganhamos beijos e cartinhas de recompensa. Consolamos mães e ficamos desconsolados. Acordamos de madrugada para pegar bebês, ficamos até 14:00 horas colhendo BTF, e até demos alta no final de semana. Hahaha. E tudo valeu muito apena. Aprendemos MUITO. Somos mais médicos e mais HUMANOS agora. Já estamos com saudade... Valeu, Ddos! Tamo QUASE lá ...
"Vai, menino, Fazer Pediatria.
Vai tratar tosse,
Calcular hidratação,
Vai conferir as doses de vacina,
Prescrever Penicilina,
Ou escolher alguma Cefalosporina
De terceira geração.
Vai, meu amigo,
Trabalhar muito e sempre e todo dia,
Vai dar consulta,
Vai fazer plantão,
Passar a noite acordado,
Atendendo resfriado,
Não custa nada,
Ou quase nada, acredite,
elo menos pro bolso do teu patrão.
Vai, meu amigo,
Trabalhar muito e sempre e todo dia,
Vai dar consulta,
Vai fazer plantão,
Passar a noite acordado,
Atendendo resfriado,
Não custa nada,
Ou quase nada, acredite,
elo menos pro bolso do teu patrão.
Vai, garoto,
Vai dar duro,
Vai cuidar de prematuro,
Falar de amamentação.
Vai, menino,
Com persistência,
Com paciência,
Com overdose de abnegação,
Sem esperar reconhecimento,
Vai trabalhar só pro teu sustento
E pra tua própria satisfação.
Vai, tonto,
Fazer Pediatria,
Vai diagnosticar apendicite,
Reconhecer rapidamente a difteria,
Vai aprender a tratar infecção.
Cuidar de criança com febre,
Cuidar de criança com gastrenterite,
Cuidar de criança com convulsão.
Vai pra batalha,
Mas vai preparado:
Um pequeno deslize,
Tudo errado...
Qualquer engano,
Grande confusão...
Não há lugar para falha ou distração.
Vai, teimoso,
Fazer Pediatria,
O teu destino está na tua mão.
Tu poderias
Fazer Endoscopia,
Neurocirurgia,
Cuidar dos males do coração.
Ou porque não
Tentar Nutrologia,
Dermato, Fisiatria,
Especializar-se em Doenças do Pulmão.
Mas por descuido do teu anjo guia,
Ou por defeito de fabricação,
Por insistência, por teimosia,
Por desacerto ou por distração
Escolheste fazer Pediatria.
Vai em frente.
Honra com fé a tua decisão.
Leva o bom senso como companhia.
Faz do trabalho a tua obrigação.
Mas não te assustes
Se qualquer dia,
Por arrogância,
Por prepotência,
Ou por qualquer outra disritmia,
Te ameaçarem com Ordem de Prisão.
Custa um leão por dia a tua liberdade.
Não abre mão, porém, da tua dignidade.
Não cede um palmo da tua convicção.
Esquece o dano.
Lembra-te do soldado iraquiano
Lutando contra um gigante,
E segue adiante,
Sempre radiante,
Sempre na mão.
E ainda que a febre não abaixe,
E o dado clínico não se encaixe,
E o resultado do exame só aumente a indecisão,
E ainda que o cliente nunca volte,
E ainda que o cinismo nunca falte,
E ainda que te ofendas
Quando um dia sem motivo te chamarem de furão,
Não desanimes.
A fibra e a persistência não são crimes.
Nem é pecado a obstinação.
Vai menino.
A tua vocação é a chave que te solta.
Segue portanto a fazer Pediatria.
Mas segue sempre adiante.
Vai.
Não volta.
Porque não há retorno
Para os Caminhos
Do Coração"
@via Quase Poesia
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Oração
Souffrance. Sofferenza. Suffering.
Sufrimendua. Sufrimiento.
Sofrimento
A interseção. A ligadura. A cola. O ponto em comum entre todos os homens, e talvez mais do que isso. Talvez aquilo que faça com que nós permaneçamos juntos. O remédio amargo para o nosso egóismo e autosuficiencia. O antidoto que nos cura de nossas mazelas? O veneno que nos rende a elas? Não sei. Mas uma coisa é certa: ele está perto. Todos os dias me deparo com ele. Percebo que por mais que a gente se proteja, não há quem consiga sair ileso dessa vida (...)
quinta-feira, 14 de abril de 2011
nada a Declarar.
EU MANTEREI por todos os meios ao meu alcance,
a honra e as nobres tradições da profissão médica;
MEUS COLEGAS serão minhas irmãs e irmãos..."
(Declaração de Genebra)
Sendo assim um médico não deveria pagar ao outro menos do que ele merece, ou do que é justo. Nem submetê-lo a condições insípidas de trabalho. Um médico não deveria explorar o outro. Nem humilhá-lo, estando ele graduado ou em formação. Não é honroso. Não é nobre. Não é ético.
terça-feira, 15 de março de 2011
Menino-do-sorriso-doce
Ô menino do sorriso-doce-de-algodão-doce, por que a vida amarga?
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Obsessivo-Compulsivo
Para tantas perguntas que eu não sei responder
E para aquelas que nem sei fazer ainda
Para não cometer os erros que eu vejo
Para ser como aqueles que eu admiro
Para o bem dos meus pacientes
E para o meu próprio bem
Para um amanhã tranquilo
Estudar, Estudar, Estudar (...)
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Contratransferência
Ele era de poucos sorrisos. Na verdade tinha sempre no rosto uma expressão bastante séria. Tinha dois olhos negros hipnotizantes. Um olhar angustiado e profundo, tão profundo, que me intrigava e me fazia querer advinhá-lo. Ele me cativava. Queria sempre saber como ele estava, o que lhe havia acontecido. Ouvir seu coração. As vezes até acordá-lo. Sempre abusado. Sempre cansado. Cansado de quê? De tanta coisa. Cansado da vida talvez. E ele não tinha nome. Nem ninguém - Mentira, ele tinha a mim - Na verdade até tinhamos muito em comum, eu acho. Ele não tinha mãe. E eu? Eu não tinha um bebê (...)
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Rx : Esperança
Mas nos últimos meses rodando na enfermaria e nas emergências da vida, eu tenho sido impactada com a Dor. A dor de ter um membro amputado. A dor de um tiro. A dor do desespero. De não conseguir respirar. De não conseguir se levantar. A dor dos velhinhos que vêm lá das brenhas e nem sabem o que têm. A dor do coração que vai morrendo ST. De um filho que perde o pai. Da mulher que saiu do hospital sem o marido. A dor da mãe que vê o berço vazio. A dor da criança intocável, enfaixada cheias de bolhas espalhadas pelo corpo. A dor do abandono. A dor de não ter cura. A dor por dizer adeus antes da hora. A dor de não conseguir fazer voltar. A dor de quem sabe.A dor de quem não sabe....
E o que me parece é que sempre sofre mais quem menos tem. Meu Deus, quanto sofrimento. As vezes eu tenho a sensação de que a queixa principal do mundo é uma dor intensa em aperto no peito há muitos anos. Que não melhora com nada e piora com qualquer coisa. Então como se conduzir? Como conduzir isso tudo? Deviam fazer um protocolo pra essas coisas...
Rx
E o que me parece é que sempre sofre mais quem menos tem. Meu Deus, quanto sofrimento. As vezes eu tenho a sensação de que a queixa principal do mundo é uma dor intensa em aperto no peito há muitos anos. Que não melhora com nada e piora com qualquer coisa. Então como se conduzir? Como conduzir isso tudo? Deviam fazer um protocolo pra essas coisas...
Rx
Dá-me para a minha vida
todas as vidas,
dá-me toda a dor
de toda a gente,
vou transformá-la
em esperança.
Dá-me
todas as alegrias,
mesmo as mais secretas,
porque se assim não for
como as conheceremos?
Queria os super-poderes de Neruda
* Rx = Receito
domingo, 30 de janeiro de 2011
Ação e Cor Ação.
Por trás de toda ação, um cor ação. E os motivos que ele teve para agir, e tudo que ele viveu, e tudo que ele sofreu, nós desconhecemos. Nós enxergamos o instante e não a vida inteira. Lembrar de julgar menos e me preocupar mais em enxergar o que está por trás do que se vê.
Aprendendo com as mães da Enfermaria
sábado, 29 de janeiro de 2011
Imagem.
Toda vez que volto do plantão tenho uma vontade imensa de escrever aqui. Engraçado que as nossas memórias são como vinho. A medida que o tempo vai passando o sabor delas vai ficando melhor, e elas vão ficando mais caras. Escrever o que a gente pensa, o que a gente sente é como tirar um fotografia de dentro d'agente. Nos dá a possibilidade de saber como fomos um dia.
- e não estou falando de Rxs nem TACs nem RNMs.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Boneca de Pano
Minha boneca de pano se foi
E deixou o berço vazio
E deixou o peito vazio
Cheio de saudade (...)
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
À Medicina - Djavan

Sem pensar em nada
Fez a minha vida
E te deu (...)
Sem contar os dias
Que me faz morrer,
Querendo saber de ti
Jogado à Solidão,
Mas se quer saber
Se eu quero outra vida
Não! Não!
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Internato
Ver "meus" pacientes pela manhã. Ficar feliz, ficar triste. Enfermarias, permanencias, emergencias. Estudar, estudar, estudar. Saber, cuidar, correr, querer parar e nao poder. Urgência de ser... querer saber o que fazer. Precisar saber. E ficar angustiada... contar os seguntos, os batimentos, as incursões. O ponteiro correndo, o tempo passando. E eu calculando a vida. Um milhão de coisas. E dentre essas coisas, a certeza de estar fazendo a coisa certa.
... Alguma coisa acontece no meu coração
terça-feira, 4 de maio de 2010
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